terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

ARTES, LETRAS, CIÊNCIA E TÉCNICA

A importância dos pólos culturais anglo-americanos
Quando a 2ª Guerra Mundial chegou ao fim, em 1945, o Mundo nunca mais foi o mesmo. A Europa, em particular, não se encontrava a 100% para liderar a política internacional nem o processo civilizacional. Aos Estados Unidos, um dos países, juntamente com a URSS, a liderar o mundo bipolar que se desenvolveu em 1945, coube assumir o caminho a seguir pelo Ocidente. Pela 1ª vez na História da Arte, as mudanças não partiram de cidades europeias como Paris, Milão, Berlim ou Viena. É em Nova Iorque, ou como lhe chamou Le Corbusier "capital do mundo sem fronteiras", onde se vão produzir as alterações mais significativas e as grandes polémicas no mundo artístico.
Nos EUA, principalmente na cidade de Nova Iorque, um generoso mecenato privado irrompia e patrocinava a fundação de galerias e de museus, como o MoMA (Museum of Modern Art), criado em 1929, e a Museu Guggenheim, criado em 1939. Todos estes lugares se abriram aos novos talentos vanguardistas, assegurando-lhes, assim, projeção e visibilidade.

  
Fig.1: Museu Guggenheim (Bilbau-Espanha)

Fig.2: MoMA (Nova Iorque-EUA)

A Europa devastada pela guerra não fornecia um cenário estimulante para a produção de cultura e, por isso, muitos foram os intelectuais (como Salvador Dalí, Max Ernst, Albert Einstein, Walter Gropius) que a América anglo-saxónica acolheu e incentivou. 
Aos artistas europeus emigrados juntaram-se os talentos americanos. Do seu encontro resultou aquela que é designada por Escola de Nova Iorque, considerada a grande responsável pela dinamização das artes no pós-guerra.

A reflexão sobre a condição humana nas artes e nas letras


O Expressionismo Abstrato (1945-1960)
O Expressionismo Abstrato surge nos EUA logo após a 2ª Guerra Mundial. Tal como o seu nome indica, usa a "linguagem universal da abstração", considerada a tendência mais correta a adotar, visto que, qualquer que fosse a referência figurativa, lembraria os cânones estéticos do nazismo ou do realismo socialista.
Esta nova vanguarda resultou da influência da arte europeia, nomeadamente do Cubismo e do Surrealismo, nos jovens artistas americanos. O Expressionismo Abstrato americano não foi nem abstrato nem expressionista e os seus representantes adotaram estilos pessoais diferentes: utilizaram do Surrealismo, a técnica do automatismo, e do Cubismo, a rejeição do lugar pictórico ilusionista e perspético em favor de um espaço pictórico estreito. 
As obras destes artistas são de 2 tipos:
  • caligráfico: quando as marcas pictóricas são aplicadas sobre a tela livremente;
  • icónicos: a composição é dominada por uma forma central.

Fig.3: quadro de Franz Kline

Fig.4: quadro de De Kooning


Jackson Pollock e Willem De Kooning são os grandes expoentes do expressionismo abstrato. Praticaram uma pintura experimental, com formas simbólicas e desconstruídas e as cores eram vivas e dissonantes. Ambos procuraram que a pintura expressasse, mais que um tema, assunto ou objeto, o ato criativo e o gesto. Efeitos similares procurava o expressionismo abstrato provocar no espectador, tendo J.Pollock aconselhado aos observadores das suas obras: "Devem tentar captar aquilo que o quadro tem para oferecer, em vez de tentarem ver nele uma mensagem principal e a confirmação das vossas ideias preconcebidas". 


Fig.5: Pollock pintando uma das suas obras
Jackson Pollock utilizava, nas suas obras, a técnica do drip painting, em que a tinta é projetada (como podemos observar na figura 5) ou escorrida diretamente sobre a tela, estando esta colocada sobre o chão e fazendo com que o pintor se desloca-se à volta da tela. A pintura ocupava todo o espaço da tela, o que ficou designado na gíria artística como all over painting.

Os principais artistas do Expressionismo Abstrato (ou também chamado de Escola de Nova Iorque) desenvolveram um tipo de pintura com o nome de action painting onde, em vez de procurar construir uma imagem ou de retratar o seu estado emocional, o artista pretende fazer um registo pictórico da própria ação. 


A Pop Art (1958-1965)
A Pop Art foi um movimento artístico que nasceu nos EUA e no Reino Unido. O "pai" do nome   Pop Art é atribuído a Lawrence Alloway, que fazia alusão à utilização, pelos artistas deste movimeto, de objetos de uso quotidiano nas suas obras. Nos EUA, Andy Warhol, Claes Oldenburg, Tom Wesselman e Roy Lichtenstein e no Reino Unido David Hockney e Peter Blake foram as suas principais figuras.
Fig.6

A Arte Pop é considerada como uma reação ao Expressionismo Abstrato, que reforçava a individualidade e a expressividade do artista rejeitando elementos figurativos. Pelo contrário, o universo da Pop Art nada tem de abstrato ou de expressionista, porque transpõe e interpreta a iconografia da cultura popular. A televisão, a banda desenhada, o cinema fornecem os símbolos que alimentam os artistas Pop. O sentido e os símbolos da Arte Pop pretendiam ser universais e facilmente reconhecido por todos, numa tentativa de eliminar o fosso entre arte erudita e arte popular.

A Pop Art também refletia a sociedade de consumo e de abundância na forma de representar. As garrafas de Coca-Cola de Warhol, os corpos estilizados das mulheres nuas de Wesselman ou ainda os gigantes gigantes  de plástico, como o tubo de pasto de dentes de Oldenburg, são exemplos da forma como estes artistas interpretavam uma sociedade dominada pelo consumismo, o conforto material e os tempos livres.

Fig.7: obra de Andy Warhol.

Fig.8: Grande Nu Americano, de Tom Wesselman

   







   








Fig.9: obra de Claes Oldenburg















As peças dos artistas da Arte Pop também iam buscar as suas referências à produção industrial. Veja-se, por exemplo, a repetição de um mesmo motivo nas serigrafias de A. Warhol ou as telas gigantes de Lichtenstein onde, ao ampliar as imagens de banda desenhada,  o artista revela os pontos de cor inerentes à reprodução tipográfica.


Fig.10: obra de Roy Lichtenstein
Nos EUA e no Reino Unido, a Pop Art teve significados diferentes e alguns críticos consideraram que a corrente americana foi mais emblemática e mais agressiva do que a britânica. Naquele tempo, a Arte Pop foi acusada pelos críticos de ser inconsequente e superficial e mal compreendida pelo público, mas foi um marco decisivo.










Fig.11


A arte conceptual (anos 60e 70)
A arte conceptual (ou arte conceitual) define-se como o movimento artístico que defende a superioridade das ideias transmitidas pela obra de arte, deixando os meios usados para criar um lugar secundário.


Fig.12: castelo empacotado, de Christo


O artista Sol Le Witt definiu-a como: "na arte conceitual, a ideia ou conceito é o aspeto mais importante da obra. Quando um artista usa uma forma conceitual de arte, significa que todo o planeamento e decisões são tomadas antecipadamente, sendo a execução um assunto secundário. A ideia torna-se a máquina que origina a arte".


Esta perspetiva artística teve o seu início em meados dos anos 60. No entanto, a obra de Marcel Duchamp, nos anos de 1910-1920, já tinha prenunciado o movimento conceptualista, ao propor vários exemplos de trabalho que se tornariam o modelo das obras conceptualistas, como os readymades, ao desafiar qualquer tipo de categorização.


Fig.13: obra de Robert Smithson


A arte conceptual recorre usualmente a fotografias, mapas e textos escritos. Em alguns casos, reduz-se a um conjunto de instruções escritas que descreveram a obra, dando ênfase à ideia em detrimento do artefacto. Alguns artistas tentam, também, mostrar a sua recusa em produzir objetos de luxo.








Fig.14: obra de Jonhathan Borofsky


Apesar das diferenças, pode-se dizer que a arte conceitual é uma tentativa de retificação da noção de obra de arte enraizada na cultura do ocidente. A arte deixe de ser visual  e passa a ser considerada como ideia e pensamento. Além da crítica ao formalismo, os conceitualistas atacam ferozmente as instituições, o sistema de seleção e o mercado de arte. 
A década de 70 caracteriza-se pelo expansionismo da arte conceptual, isto é, da arte como ideia, através de meios anartísticos. Nesta época ocorreu a revitalização do pensamento de Marcel Duchamp passando a condenar a pintura, que, para ele, estava muito aquém das possibilidades criativas do ser humano.
Na arte conceitual, o público deixa de ser apenas um observador passivo uma vez que o entendimento da obra de arte não é direto. O público passa a ser obrigado a refletir sobre se a obra de arte é boa ou.


Fig.15: Escultura, de Borofsky

Vídeos


Webgrafia/Bibliografia:





Manual: "O tempo da História" 12º ano


Realizado por: André Sousa nº4











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