domingo, 15 de abril de 2012

O Médio Oriente






Nacionalismos e confrontos político-religiosos no Médio Oriente


O Médio Oriente, a região onde surgiram as três religiões monoteístas (o Islamismo, o Cristianismo e o Judaísmo), sempre foi uma área com uma grande diversidade de povos e civilizações ainda que também bastante instável. Assim sendo, é uma zona que tem ganho, com o passar dos anos, uma preponderância admirável a nível mundial por ter vindo a ser:
v  Um fundamental centro de negócios;
v  Uma área estratégica, económica, política e cultural:
v  Um polo sensível em termos religiosos.

Fig.1-Parte do Corão
No seguimento dos pontos previamente abordados, destaca-se a riqueza petrolífera proveniente dos países do Golfo Pérsico assim como, a nível religioso, o progresso da reação fundamentalista, que acabou por desestabilizar por completo toda a política internacional.

É neste contexto que o Fundamentalismo Islâmico, tendo surgido com maior intensidade no Irão (local onde os Fundamentalistas alcançaram o poder no ano de 1979), tinha como propósito a obtenção uma identidade cultural e de ímpeto religioso. Assim, é nesta ordem de ideias que os Fundamentalistas pretendiam enaltecer o conceito de Jihad (Guerra Santa) para que pudessem obter novamente o império que outrora pertencera ao povo árabe.

Ainda que valorizassem, em primeiro lugar, a vida religiosa (prova disso é o facto de se considerarem os únicos detentores da verdadeira fé), também pretendiam destacar as regras políticas e sociais presentes no Corão ou Alcorão (o livro sagrado do Islão). Acabaram, então, por recusar a autoridade laica, assim como os valores supostamente adulterados que eram provenientes do ocidente, e adotaram, conforme explicitam os ditames do Corão, a sharia (lei corânica ou islâmica), o que fez com que as restantes religiões que prevaleceram no país se regessem pelas suas próprias leis.


Para a melhor compreensão da ideologia do Fundamentalismo Islâmico:


Tal como já referi anteriormente, o Fundamentalismo propagou-se a partir do Irão. E como é que tal se processou?


Fig.2- Mohammad Reza Pahlevi
No ano de 1925 Reza Pahlevi, um soldado do exército Persa, conquistou admiradores por ter conseguido travar uma luta liderada pelos comunistas.

É assim que consegue obter poder para instalar uma ditadura, tornando-se xá, com a aprovação do parlamento persa. Já em 1941, no contexto da 2ª Guerra Mundial, o xá Reza Pahlevi deixava-se inspirar pelos ideais do partido Nazi. Dada esta preferência do xá, as tropas britânicas e soviéticas invadiram o país para se certificarem que mantinham a sua principal fonte petrolífera, dada a sua importância. Com isto, o xá Reza Pahlevi abdicou a favor do seu filho, Mohammad Reza Pahlevi. Porém, dada a continuidade da pobreza do povo Iraniano, o xá foi pressionado para nomear um novo primeiro-ministro: Mohamed Mossadegh. É com este que se consegue obter a nacionalização do petróleo no ano de 1953. Apesar das tentativas do xá em desenvolver o país, baseadas numa política de subordinação ao Ocidente, este continuava sem grande desenvolvimento ou avanço. A estes problemas juntavam-se ainda a crescente inflação, o desemprego e o desrespeito dos Direitos Humanos, o que confirmava o fracasso da tentativa de implantação do sistema ocidental. É nesta sequência que surge o aiatola Ruhollah Khomeini, um líder espiritual muçulmano que, com as suas características religiosas, serviu de inspiração à revolução iraniana que culminou na abdicação do xá Reza Pahlevi.
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“Toda a desgraça que acontece ao Homem ou à sociedade é culpa dos capitalistas, fruto da sua concupiscência e egoísmo.”
- Ruhollah Khomeini

Tal como se pode ler nas entrelinhas do que mencionei previamente, e não esquecendo o contexto externo – a Guerra Fria, havia duas posições distintas neste conflito: o capitalismo (defendido por xá Reza Pahlevi e Mohammad Reza Pahlevi, pró-americanos – defensores dos valores do ocidente) e o comunismo (defendido por Ruhollah Khomeini, tal como se pode constatar na presente afirmação). Desta forma, com Khomeini no poder, é instalado um Estado Teocrático*. Dada a preferência política de Khomeini, já referida, este acaba por tomar uma série de medidas contra o inimigo:
v  Expulsou a embaixada americana situada em Teerão (usou os empregados como reféns com o intuito de reaver recursos económicos do país que os Estados Unidos haviam congelado – 23 biliões de dólares);

v  Anulou todos os acordos de compra de armas aos EUA;

v  Proibiu qualquer fornecimento de petróleo aos Estados Unidos (fazendo com que estes perdessem a sua valiosa fonte no Golfo Pérsico).


Foi assim que os fundamentalistas islâmicos acabaram por se dedicar à criação de organizações e campanhas contra os ideais ocidentais, sempre focalizados em travar a crescente influência dos Estados Unidos.


A questão israelo-palestiniana
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Fig.3- Yasser Arafat
O conflito existente entre Israel e a Palestina começou após a 2ª Guerra Mundial aquando do projeto de partilha do território palestiniano, que fora pensado e elaborado pela ONU. Contudo, com a criação do Estado de Israel em 1948, no Médio Oriente, houve a recusa do povo palestiniano, facto que acabou por culminar no primeiro conflito armado entre ambos os povos.

De um lado os israelitas, com a ambição de construir a pátria que pretendem e sendo protegidos e apoiados militarmente pelos Estados Unidos, tendo também o apoio dos judeus que havia por todo o mundo. Deste modo, conseguiram conservar o Estado hebraico e ainda propaga-lo através da criação de colonatos, as povoações judaicas, na área da Palestina. Esta é a definição do conceito de Sionismo, cujo um dos objetivos é o regresso dos judeus que se encontram em cada canto do mundo à sua verdadeira pátria.
Já do outro lado, os árabes também defendem a terra que sempre fora sua, fincando o pé para que o Estado Israelita não fosse reconhecido, o que resultou numa série de conflitos que evidenciaram a supremacia militar judaica, o que levou a que os territórios destinados ao povo Palestiniano fossem ocupados pelos Israelitas. Contudo, devido ao excesso de invasões nos territórios palestinos, eclodiu um enorme número de refugiados, que tiveram de ir em busca de socorro a outros países.
É nesta ordem de ideias, e com o aumento da revolta do povo Palestiniano, é criada, no ano de 1964, a OLP – Organização de Libertação da Palestina (chefiada por Yasser Arafat) uma forma que este povo encontrou para que se pudesse exprimir a nível político.



"A velha ordem do mundo está-se a desintegrar em frente dos vossos olhos, enquanto o imperialismo, colonialismo, neocolonialismo e racismo, cujo chefe é o Sionismo, inevitavelmente morrem".
- Primeiro discurso de Yasser Arafat na Assembleia Geral das Nações Unidas



Os comandos palestinianos, estando alojados em vários países árabes, cometeram uma diversidade de ataques ao povo israelita por volta dos anos 80.
Nunca esquecendo o contexto exterior, a Guerra Fria, o surgimento desta nova organização causou aos Israelitas e aos seus aliados, os Estados Unidos, a impressão de que se formara um grupo terrorista que havia sido idealizado em Moscovo (ou seja, julgavam que era interesse por parte dos comunistas) e não um modo de expressão (atitude que só veio a se alterar em finais da década referida).
Já no contexto interior, os jovens árabes começaram uma tumultuosa revolta, de seu nome intifada, que durou de 1987 a 1991. Deste modo, Israel foi pressionado pelos Estados Unidos para negociar com a OLP com o propósito de se resolver o conflito israelo-árabe. E assim se realizaram os primeiros acordos na cidade de Oslo que deram origem à Declaração de Princípios sobre a Autonomia Palestiniana, o primeiro acordo israelo-palestiniano, no ano de 1993, com as seguintes decisões:

v  A abdicação da OLP à luta armada;
v  A constituição de uma Autoridade Nacional Palestiniana que fosse liderada por Yasser Arafat;
v  A transferência gradual da posse dos territórios ocupados para a administração palestiniana;
v  A retirada do povo israelita da Faixa de Gaza (dado que estes lá se tinham fixado durante a Guerra dos Seis Dias – conflito armado que opôs Israel ao Egito, Síria e Jordânia – no ano de 1967).


Curiosidade: No ano seguinte à assinatura do acordo, em 1994 portanto, Isaac Rabin, primeiro-ministro israelita da época e Yasser Arafat ganharam o Prémio Nobel da Paz.
Fig.4- Isaac Rabin
Apesar as boas intenções eminentes, através da junção de outros acordos ao acordo inicial, a paz por ele imposta foi efémera. Prova disso foi a não compreensão dos fundamentalistas islâmicos na recusa do povo Judeu em destruir os colonatos assim como a crescente crença na sua superioridade e pureza. Contudo, só aquando do assassinato de Isaac Rabin em 1995 por um fanático judeu é que se a paz se voltou a degradar mais uma vez, acompanhado pela negação por parte do governo israelita em prolongar a região que se encontrava sob o controlo dos Palestinianos. É assim que surge, novamente, outra intifada desta vez no ano de 2000 e ainda mais intensa do que a primeira, o que fez com que Israel tomasse medidas drásticas que acabaram por ser punidas pela ONU.
Foi a partir daí que a violência se instaurou naquela área. À ameaça dos atentados suicidas a cidades israelitas, o exército judaico intervém de forma avassaladora.
É nesta ordem de ideias que em 2001, o primeiro-ministro de Israel reconhece que de facto os esforços de paz foram um autêntico fracasso, o que o levou a mandar construir um vasto muro que isola por completo a Cisjordânia, já que no ano anterior apenas 18% desta era controlada pela Palestina.
Em suma, e à semelhança do que acontecera em Berlim, considerando que foi um marco recente e atribulado da História, acaba por surgir uma situação idêntica no Médio Oriente que, para além de confirmar a inexistência da paz, faz-nos pensar se esta situação ainda deveria persistir nos dias de hoje dada a mudança nas mentalidades que se tem evidenciado com o passar das décadas.

*Estado Teocrático- Estado onde o poder político está relacionado com a religião, o que faz com seja adotada uma determinada religião que se apresenta oficial para todos.



Síntese


   


(Este vídeo é bastante útil em termos de resumo)



Fontes utilizadas:

v  Manual “O Tempo da História A”, 12º Ano 3º Volume;
v  Guia de Estudo História A 12º Ano (Porto Editora);
v  Google Imagens;
v  Conhecimentos gerais.

Trabalho elaborado por: Francisca Vasconcelos nº16




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